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Dança cósmica perfeita

Foto do escritor: poetadohorizontepoetadohorizonte

Muito hoje no transe

da inutilidade

Dei o completo

sem uma palavra


Tudo ressoava antes

de perceber o Deserto

Cada poro do Jardim

tinha sua merecida Flor


Cada Flor seus resquícios

de pólen para inventar

Uma nova inseminação

da frutificação perdida


Mas quem entenderá?

Na boa Verdade só digo

que Nada importa

ou melhor, só Ele importa


São passos e passos

rumo a um buraco de Infinito

Como escadas espiraladas

de um outro UniVerso


Vasos e vasos, ora com água,

ora destituídos até do Vazio

Empunhando destinos

com febris certezas


Empunhando o Vento

com o febril Horizonte

E nada contendo as arestas

apenas fragilidades sutis


Mas por isso mesmo

de uma força implacável

Como se buscasse de início

do Vento sua origem de vendaval


Nem toda tempestade

é de alagar

E mesmo assim sussurra,

encomenda velhas árvores


São lembranças da potência

que não duram mais que o dia

Como diria um outro chinês

no lapso de sua barba


Sim há enigmas gigantes

no alisar de uma barba

Chinesa ou rubra

é o império do antigo que chama


E ainda assim, quando corri,

quis olhar para trás

E era o aceno cansado

de uma dama cansada


E para isso cansamos,

cansamos da espera, cansamos da não espera

Cansamos porque há um grande Infinito

pelos Olhos de quem ama


Nisso o sábio alisou sua barba

para descobrir coisas sem nome

E pássaros e vidros celebraram

como uma última dança


Ali não havia cansaço

mas um olhar honesto

De quem descobriu sem suspeita

que por vezes há anjos


Convidei-os para dançar

porque quis aprender a voar

Convidei sem um assobio,

convidei com as mãos de música


Convidei com a única Verdade

que podia dançar

Convidei com a invenção

das horas também febris de alegria


Para assim descobrir que os anjos

dançam sempre em nossos sonhos

Os dormidos e os acordados

sonhados por nem sequer vencer


Que guerra se daria

quando a dança eleva os olhos dela?

Que estupidez se daria

quando o suor lembra outras paradas?


Foi ali que acendi meu último incenso

para dar o tom da minha febre

Para dar ao Vento

as palavras que encantei


Porque palavras são para encantar

mais que cantar

E muitos caem nessa ilusão

esquecendo do Silêncio


Ali o verdadeiro Poeta

brilha com acidez

Porque sua Luz

queima


Sua Luz despedaça

mas convida para jantar

Ou até almoçar

quando a comida faltar


Nem só de pão

toca o homem seu restaurante

Restaurando outra Vida

onde cabe seu destino


Ele é firme e decidido

para também cantar sem encantar

Afinal, palavras

adoecem


Ainda assim, foi ali que o Poeta

viu a novidade de um olhar

Que se surpreendeu

com a Energia do Mistério


Nele cabem poros

abertos infinitamente para o Céu

E isso também os anjos

sabiam...


Foram eles que se alegraram

da eterna novidade do Amor

E dançaram bocas e mãos

levando a mensagem


A única que vale a pena

pro Poeta que atravessou Infernos

Só para lembrar

que já tinha dançado


Esta e outras danças

com os amores que nasceram

Nele era tudo lira

de musas loucas


Mas elas tinham sua ordem

que os olhos acostumados perderam

Mesmo assim é Vida

e só Ela agora viu


Com o tamanho da gratidão

de quem agora vai dançar

Não até a Noite acabar

mas até a Luz nascer


E ali, naquele Horizonte,

serei o semblante de Deus

Como anúncio da vermelhidão

que o suor permitiu...

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