Tua é a poesia secreta e sagrada,
tua é a poesia da amplidão e do vento
Tua é a poesia livre e sem destino
por algumas horas e chuva
A tua mesma poesia de sempre
me invadiu diferente
Criou armários e gavetas
em que esqueci meu sangue
Esqueci meus sonhos complicados
e quase não cabiam
Tudo tinha seus sussurros
e nenhuma ideia maior
Tua é a poesia que desmancha
tua é a poesia que me desmancha
Tua é a poesia que derrete
junto aos chocolates que ficaram guardados
Como os sonhos derretidos
em outras horas
Como o beijo que encostou
na mesma fresta do impossível
Tua é a poesia que não contou
nossa história e descansa
Tua é a poesia brava do infinito
que nunca esperou por nada
Tua é a poesia vitrine
que desfila a existência
Tua é a poesia perfume
que machuca de embriagar
Tua é a poesia versão
de tudo nunca dito
Tua é a poesia deslocada
de tudo nunca sentido
Tua é a poesia que inventa
mesmo quando tudo se esconde
Tua é a poesia que se esconde
e por isso mesmo se inventa
Tivesse os olhos de algum poeta
e teria visto antes a fuga
Mas tenho por mim
que na verdade tua poesia é o labirinto
Labirinto ressecado onde olhos e vergonhas
são outras coisas e dilemas
E nele perdi uma carta
que resolvi nunca escrever...
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