Queria dizer algo
como um convite
Que a festa de início
podia ter sido minha
Que mesmo sem aplausos
o rosto último tinha tudo
Tinha tudo a dizer
mais que estas letras
Quem tem o império
para determinar e cravar a Vida?
Quem tem a estratégia
para esse terreno sem volta?
Queria dizer algo
como os mestres
Que tinha a palavra de início
muito antes de serem certas
Queria dizer algo
que morasse em algum coração
Talvez como lembrete
irrevogável de que passamos
Convocar a liderança do mundo
para todos os empenhos
E quando todos estiverem prontos
finalmente com alegria desistir
Desistir de conquistar,
desistir de lembrar
Desistir de marcar,
Desistir de falar
Não por covardia,
aí seria outro o discurso
Mas por coragem absurda
de perceber a inutilidade
Perceber que a palavra
jamais une o que o Vento leva
Perceber que as horas vão
muito antes de qualquer calendário
Perceber a encenação
que tende à pequenez
E que nela há alguma dose
de sumida sabedoria...
Talvez aí, atordoado e completo
de um único Silêncio
Surja a palavra derradeira
que clamará o meu Amor...
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