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Despedida de praia e Vento

Pescadores de areia e Vento

a vocês dou meu CorAção de janta

A vocês entrego o sangue

que também é Oásis e partida


Não sei mais se cumpro

as máscaras que me molham e despem

Como se meu pergaminho de Água

e Sombra fosse apenas ilusão


E mesmo assim amei

e quis mais do ouro de todos os tolos

Talvez fosse produção

de uma mineradora devastada e impossível


Quem iria dar a mão

como garantia do Eterno?

Quem daria e vestiria

a melhor roupa sem fim?


Quis dar tudo e vender

para que não sobrasse herança

E ser o filho mais pródigo

tola e totalmente destruído


Quis falar das rodas de Anjos

para que não faltasse vôo

Mas ficaram demônios inteiros

todos com cãibras para voar


Como exploração vasta

de uma Noite que esbarra

Pois a barra é seguir

com o pedaço de chumbo


Carregando anzóis de estrela

para pescar a Luz que me inventou

E sussurrar vestígios do início

de tudo que é mundo


Mesmo assim seria mentira

e todos cumpririam o punhado de sangue

Feito areia farpada e aço

de algumas vestes ancestrais


Querendo vestir uma Alma

tão antiga que nenhuma roupa serve

E o sorriso se estende

e desfaz e rasga todo quem


Faz fagulha e descobre

enquanto tudo é gravidade

Pois tudo que cai

retorna antes


E as conversas não tinham

o tamanho maior da poesia

E das cores que vesti a Luz

com o vitral da perdição


É preciso viver muito antes

que o sorriso esconda a mão

É preciso viver muito antes

que os poros sucumbam ao sangue de lobo


Pois um sonho de lobo de ouro

se levanta antes do abrigo

O passado traz algo

que finge infância e dispersão


Talvez esses versos nunca

e muita mais que nunca

Sejam o alcance de tudo

que poderia chorar de verdade


O escuro resolvia vender

meu pedaço mais último

Não tinha mais medo

mas apertava tudo que era veia


Porque as cores mornas e ingênuas

descontam do mundo seu preço

Descontam das etiquetas os minutos

das máscaras de deboche


Fagulhas, fagulhas e cinzas

muitas cinzas para tentar dizer

Algo que ninguém quis ouvir

e mesmo assim as letras persistem


Como se buscassem ser o consolo

das asas do Anjo que era pedra e restos

Fiz de um brilhante não a tolice

mas o querer o casamento


Como se as bodas fossem bordadas

com as vestes de quem fugiu

Fugiu como se fosse simples rir

e enganar a criança


Mesmo assim persiste o tamanho

de tudo que é Horizonte

Para cantar o Outro

tamanho que é régua dos mundos


Deste semblante fiz pancada

e chão de se perder

Porque dançar não serve mais

para morar na música


As chaves perderam as portas

e os cacos não reconstroem nada

O Kintsugi não tem mais Ouro

mas apenas fragilidade e vertigem


Eu vestiria meus cacos de Eternidade

só para perder a hora

E resolver morar um outro lugar

mais calmo e simples onde amem de verdade


Amem a Verdade como sussurro

que não pede mais nada

Como as chaves que esqueceram

de morar na Casa do Vento


Essa verdade eu teria maior

que vender bem longe de olhos e mercado

E ainda assim choraria

como troca e recompensa


Quis despir essa hora tão noturna

que até a Lua sumiria

E os lobos deixariam de uivar

essa canção selvagem


Teria os olhos como denúncia

de tudo que pesquei

Mas agora sou Barco

dançando com o Rio


E nessa dança astral

pedi pele e rosto

Que não era santa

mas queria me destruir


Nesse dia que ainda era noite

tinha a madrugada como celebração

E mesmo assim não festejei muito

porque minha Voz se esvaiu


A Voz quis gritar para tudo

parar tão imensamente

Que não sobraria sangue

para sorrir o Amor


Mais ainda que eu

que tinha perdido tudo

Por um limite

que nem sequer se diz...


Mas ainda terei verbo

e agonia

Com a mesma poesia

de fazer minha despedida


E nela darei um adeus

pois só a Deus agora...

Ela sumirá com calma

de quem cá tem Alma...

 
 
 

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