Despedida de praia e Vento
- poetadohorizonte
- 9 de abr.
- 3 min de leitura
Pescadores de areia e Vento
a vocês dou meu CorAção de janta
A vocês entrego o sangue
que também é Oásis e partida
Não sei mais se cumpro
as máscaras que me molham e despem
Como se meu pergaminho de Água
e Sombra fosse apenas ilusão
E mesmo assim amei
e quis mais do ouro de todos os tolos
Talvez fosse produção
de uma mineradora devastada e impossível
Quem iria dar a mão
como garantia do Eterno?
Quem daria e vestiria
a melhor roupa sem fim?
Quis dar tudo e vender
para que não sobrasse herança
E ser o filho mais pródigo
tola e totalmente destruído
Quis falar das rodas de Anjos
para que não faltasse vôo
Mas ficaram demônios inteiros
todos com cãibras para voar
Como exploração vasta
de uma Noite que esbarra
Pois a barra é seguir
com o pedaço de chumbo
Carregando anzóis de estrela
para pescar a Luz que me inventou
E sussurrar vestígios do início
de tudo que é mundo
Mesmo assim seria mentira
e todos cumpririam o punhado de sangue
Feito areia farpada e aço
de algumas vestes ancestrais
Querendo vestir uma Alma
tão antiga que nenhuma roupa serve
E o sorriso se estende
e desfaz e rasga todo quem
Faz fagulha e descobre
enquanto tudo é gravidade
Pois tudo que cai
retorna antes
E as conversas não tinham
o tamanho maior da poesia
E das cores que vesti a Luz
com o vitral da perdição
É preciso viver muito antes
que o sorriso esconda a mão
É preciso viver muito antes
que os poros sucumbam ao sangue de lobo
Pois um sonho de lobo de ouro
se levanta antes do abrigo
O passado traz algo
que finge infância e dispersão
Talvez esses versos nunca
e muita mais que nunca
Sejam o alcance de tudo
que poderia chorar de verdade
O escuro resolvia vender
meu pedaço mais último
Não tinha mais medo
mas apertava tudo que era veia
Porque as cores mornas e ingênuas
descontam do mundo seu preço
Descontam das etiquetas os minutos
das máscaras de deboche
Fagulhas, fagulhas e cinzas
muitas cinzas para tentar dizer
Algo que ninguém quis ouvir
e mesmo assim as letras persistem
Como se buscassem ser o consolo
das asas do Anjo que era pedra e restos
Fiz de um brilhante não a tolice
mas o querer o casamento
Como se as bodas fossem bordadas
com as vestes de quem fugiu
Fugiu como se fosse simples rir
e enganar a criança
Mesmo assim persiste o tamanho
de tudo que é Horizonte
Para cantar o Outro
tamanho que é régua dos mundos
Deste semblante fiz pancada
e chão de se perder
Porque dançar não serve mais
para morar na música
As chaves perderam as portas
e os cacos não reconstroem nada
O Kintsugi não tem mais Ouro
mas apenas fragilidade e vertigem
Eu vestiria meus cacos de Eternidade
só para perder a hora
E resolver morar um outro lugar
mais calmo e simples onde amem de verdade
Amem a Verdade como sussurro
que não pede mais nada
Como as chaves que esqueceram
de morar na Casa do Vento
Essa verdade eu teria maior
que vender bem longe de olhos e mercado
E ainda assim choraria
como troca e recompensa
Quis despir essa hora tão noturna
que até a Lua sumiria
E os lobos deixariam de uivar
essa canção selvagem
Teria os olhos como denúncia
de tudo que pesquei
Mas agora sou Barco
dançando com o Rio
E nessa dança astral
pedi pele e rosto
Que não era santa
mas queria me destruir
Nesse dia que ainda era noite
tinha a madrugada como celebração
E mesmo assim não festejei muito
porque minha Voz se esvaiu
A Voz quis gritar para tudo
parar tão imensamente
Que não sobraria sangue
para sorrir o Amor
Mais ainda que eu
que tinha perdido tudo
Por um limite
que nem sequer se diz...
Mas ainda terei verbo
e agonia
Com a mesma poesia
de fazer minha despedida
E nela darei um adeus
pois só a Deus agora...
Ela sumirá com calma
de quem cá tem Alma...
Comments