Tenho milagres onde escondo
minha Vida
Nela nem quis cantar a Lua
e sua fragilidade cristalina
Ou ainda o outro Sol
que resolve se acender
Quis cantar o que o sopro
da voz não pode dar
Quis cantar inventando
as realidades sutis
Afinal tenho investimentos
nesses termos de colapso
Quem daria o Amor
antes da manhã?
Quem daria a manhã
muito antes do Amor?
Eram dessas verdadeiras
fragilidades que pulsam o Vento
Ele leva minhas orações
como enigmas de crianças
Os sábios estão descansando
seus sorrisos enigmáticos
Esperam à beira do rio
um espelho sem Narciso
Horas e horas crescidas
em um relógio de Sol
Mais preciso dos fatos
porque despontam o símbolo
Todos que atravessam o Deserto
sabem bem calcular distâncias
Não por grãos ínfimos de areia
mas com Estrelas além da miragem
Era esse tipo de canto que quis
verter além dos signos
Pois quem olha os signos
está cansado e perdido
Quer encontrar algum animal
esparso e pobre
Não para se alimentar
mas para correr
E as Estrelas aguentam
quase firmes
Têm seus poros invertidos
a suar luz pelos cantos
O mesmo canto que quis
cantar sozinho
Meus Olhos se escondem
e a plateia também
Meus Olhos somem
e a plateia finge
Mas finge tão bem
que acabam buscando signos...
O antigo escorpião que nem se importa
com seu veneno, só quer andar
Mas meus Olhos e a plateia
também parecem andar
Vão a outras paragens
a outros momentos
Não querem mais se esconder
e os sábios esperam sorrindo
Eles não entoam mais
o meu canto
Estão ali à beira-rio
quase implorando por um homem
Um homem que soube do enigma
e não ajoelhou
Porque sabia que a dignidade
está no olhar...
O mesmo olhar ancestral
de quem se animou
Quando viu finalmente as Estrelas
não dizerem mais nada...
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