Espera sem Palavras
- poetadohorizonte
- 28 de jul.
- 2 min de leitura
Um dia não quis mais
o dizer que as horas
Esperei eternamente
sem uma palavra
Como pode o Poeta
se despir das palavras?
Como pode o calendário
se despir do Poeta?
Não havia mais nada
a se dizer que não fosse absoluto
Tremendamente gigante
e inútil
Encapsulado pelas ventanias
que pareciam querer algo
Mas novamente não sobra
mais nada
Que teriam os Ventos
novamente a dizer?
Nada, são apenas
Vento e passam
Qualquer Poeta maior
teria a chance de dizer
Mas eu não tive, não era
nem Poeta e nem maior
Como se reflete o orgulho
por entre as passagens?
Como se reflete tudo
que é inútil e imperioso?
Um dia quis dizer
mas não eram mais palavras
Eram apenas este poema
distorcido e mal gasto
Não importa mais
que duas mãos
Nem mesmo a ação final
podia verter
Se um dia disser o que
me falta e é profundo
Faltarão poemas
e muitas ilusões
Faltarão o orgulho
e a sinceridade que podia dizer
Faltará honestidade
onde tudo realmente falta
Que importa agora também
não dizer o que se quer?
Restam poemas e lamúrias?
Nunca! Nunca restam poemas ou lamúrias
Restam apenas o enigma
e o canto do Mistério
Que servem para me cobrir
onde a Noite é mais que repouso
Quero dormir além,
muito além
Onde faltem de propósito
as palavras
Lá terei meu resguardo
e o meu aguardar
Por uma hora em que tudo
sucumbirá
Neste dia pleno de horas
terei meu próprio calendário
E alguns instantes para dizer
novamente tudo que não veio
Vão dizer que foi tudo apenas
um improviso
Mas eu não caberei
na medida
E é dela que retiro
meu punhado de verdade
Para cantar novamente
tudo que não posso dizer...
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