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Instinto de Poema




Um dia tive que escolher

entre nada e um pouco mais

Eram sinceras loucuras

que podiam acender o mundo


Não que iam inundar ou presentear

o mundo com incêndio

Mas falava tudo que era

um pouco mais do que possível


Todos sempre têm algo

mas e quando nada mais se tem?

Não se tem e nem se tem

o que mais dizer


Sobra o que depois de Nada

perfeito e acabado?

Que importa a ilusão

depois dos poros do último Espelho?


Ser o resquício e enigma

da Luz que mal sobrou?

E quem diria que valeu

e quando nada mais vale?


Quis discutir as horas

quis discutir os aprendizados

Como se estivessem fora

do folhetim barato


Mas não, houve dia, sempre há

quando tudo se acaba

Imensamente acabado

eu ainda tinha um pouco


Quis ceder e vender

tudo como um tolo

Mas não podia mais

não tinham compradores


E mesmo assim sussurrei

os poros antigos dessa mesma Alma

Como se Ela soubesse algo

que nunca cheguei a alcançar minimamente


Pois o mínimo é o máximo

para quem tem olhos

Ou Olho, assim pensava

nas perdições


Quis vender novamente tudo

com mais intensidade

E ninguém pareceu querer

minimamente, com o máximo, comprar...


Era apenas as poesias

letras soltas e esparsas

Cantando um mundo

que ainda está por vir


Com a mesma epidemia

de quem vê a Arte

Com a mesma antiga doença

de quem suspende a Arte


Qual poderiam ser os meus poros

que sussurram toda essa Verdade?

Quem iria insistir tanto

no Caminho perdido?


Que importa, gritam fragilmente,

todos os que se importam realmente

Mas que importa se nada importa

antes de mim quando fui verdadeiro?


Essa cantoria era maior

tinha laços com Anjos e Arcanjos

Deles eu quis meu quinhão

último e suspeito de Amor


Como importar dos Astros

a Luz que responde?

Qual a minha mensagem

depois de não entender nada?


Foi bem ali que suspendendo

e agindo sem ver ainda

Foi bem ali que advoguei

minha última mecha de cabelo


Tem alguém, eu vi, muito antes

de tudo que resolveu ir embora

Tem alguém, há essa certeza

quase maligna, mas há alguém...


Há alguém clamando pelos poemas

que me assombram

Pois os Anjos e Arcanjos também

sussurram o pedaço do Vento


Todos pedem alguma coisa

que a Vida nunca vai esquecer

Mesmo assim, mesmo que ninguém

ouse imaginar ou ver


Terei em mim o poema que respondeu

a última pergunta de um suicida

A última pergunta de um amante

a última pergunta de alguém que nada achou


Foi nessa última pergunta

quase sufocada

Que resolvi clarear e revestir

meu poema, com meu perfeito instinto de Amor...

 
 
 

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