Instinto de Poema
- poetadohorizonte
- 5 de jun.
- 2 min de leitura

Um dia tive que escolher
entre nada e um pouco mais
Eram sinceras loucuras
que podiam acender o mundo
Não que iam inundar ou presentear
o mundo com incêndio
Mas falava tudo que era
um pouco mais do que possível
Todos sempre têm algo
mas e quando nada mais se tem?
Não se tem e nem se tem
o que mais dizer
Sobra o que depois de Nada
perfeito e acabado?
Que importa a ilusão
depois dos poros do último Espelho?
Ser o resquício e enigma
da Luz que mal sobrou?
E quem diria que valeu
e quando nada mais vale?
Quis discutir as horas
quis discutir os aprendizados
Como se estivessem fora
do folhetim barato
Mas não, houve dia, sempre há
quando tudo se acaba
Imensamente acabado
eu ainda tinha um pouco
Quis ceder e vender
tudo como um tolo
Mas não podia mais
não tinham compradores
E mesmo assim sussurrei
os poros antigos dessa mesma Alma
Como se Ela soubesse algo
que nunca cheguei a alcançar minimamente
Pois o mínimo é o máximo
para quem tem olhos
Ou Olho, assim pensava
nas perdições
Quis vender novamente tudo
com mais intensidade
E ninguém pareceu querer
minimamente, com o máximo, comprar...
Era apenas as poesias
letras soltas e esparsas
Cantando um mundo
que ainda está por vir
Com a mesma epidemia
de quem vê a Arte
Com a mesma antiga doença
de quem suspende a Arte
Qual poderiam ser os meus poros
que sussurram toda essa Verdade?
Quem iria insistir tanto
no Caminho perdido?
Que importa, gritam fragilmente,
todos os que se importam realmente
Mas que importa se nada importa
antes de mim quando fui verdadeiro?
Essa cantoria era maior
tinha laços com Anjos e Arcanjos
Deles eu quis meu quinhão
último e suspeito de Amor
Como importar dos Astros
a Luz que responde?
Qual a minha mensagem
depois de não entender nada?
Foi bem ali que suspendendo
e agindo sem ver ainda
Foi bem ali que advoguei
minha última mecha de cabelo
Tem alguém, eu vi, muito antes
de tudo que resolveu ir embora
Tem alguém, há essa certeza
quase maligna, mas há alguém...
Há alguém clamando pelos poemas
que me assombram
Pois os Anjos e Arcanjos também
sussurram o pedaço do Vento
Todos pedem alguma coisa
que a Vida nunca vai esquecer
Mesmo assim, mesmo que ninguém
ouse imaginar ou ver
Terei em mim o poema que respondeu
a última pergunta de um suicida
A última pergunta de um amante
a última pergunta de alguém que nada achou
Foi nessa última pergunta
quase sufocada
Que resolvi clarear e revestir
meu poema, com meu perfeito instinto de Amor...
Comentarios